14/05/20

Prefeitos discutem impactos da pandemia em reunião prévia a encontro com novo ministro da Saúde

Videoconferência foi articulada pela FNP para que os governantes pudessem debater assuntos comuns e detalhar pauta que será entregue a Nelson Teich

Desde que Nelson Teich assumiu o Ministério da Saúde, há 27 dias, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) vem tentando articular um encontro entre o novo ministro e prefeitos das maiores cidades do país. Com o sinal de que a reunião virtual deva acontecer na próxima semana, a entidade ouviu, nesta quinta-feira, 14, governantes municipais para detalhar a pauta, levando em conta os impactos da pandemia do novo coronavírus.

Conduzida pelo presidente da FNP, Jonas Donizette, prefeito de Campinas/SP, a videoconferência reuniu representantes de cidades de todas as regiões do país. Em geral, os depoimentos apontam para preocupações comuns, como com o derretimento das receitas e aumento de demandas por serviços de assistência social e de saúde.

A falta de adesão da sociedade ao isolamento e a pressão aos prefeitos, que têm autonomia restritiva determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para imporem medidas como essa, também esteve em discussão. “O Brasil é o único país democrático que está lidando com distensão entre as esferas de poder. Isso causa uma celeuma política, uma confusão na cabeça do povo e faz com que nós sejamos cada vez mais penalizados”, disse Donizette.

Para o prefeito, não há perspectiva de mudança nesse cenário. “Apesar disso, se eu pudesse dar uma orientação sobre o que considero uma postura correta, este é o momento de os prefeitos darem uma endurecida nas regras, claro, guardando as realidades de cada município”, falou. Segundo ele, a expansão da pandemia na grande São Paulo e no interior “vai ser muito grande e isso vai afetar a saúde no Brasil inteiro”, o que deve acontecer nas próximas semanas.

Além de casos em que a população não consegue se engajar com políticas de isolamento social, prefeitos também lidam com o atraso na habilitação de leitos e com a falta de insumos, como medicamentos, equipamentos de proteção e respiradores. Para contextualizar essas afirmações de forma contundente, a FNP tem colhido informações com as cidades e deve apresentar ao Teich quando ele receber os prefeitos.

“Precisamos fortalecer o SUS e as competências dos prefeitos sem prejudicar população. Cada cidade tem suas peculiaridades e são os prefeitos que têm mais capacidade de falar sobre elas, pois têm os dados”, declarou o prefeito de Porto Alegre/RS, Nelson Marchezan, vice-presidente de Saúde da FNP.

Para minimizar impactos, prefeitos não descartam uma instância federativa de diálogo. Esse assunto foi levantado em todas as oportunidades que a FNP teve de estar reunida com representantes do governo federal. “Já que fechamos as nossas cidades sem uma coordenação geral, é necessário que tenhamos protocolos para pensar em uma reabertura lá na frente”, destacou o prefeito de Teresina/PI, Firmino Filho, vice-presidente Nacional da FNP.

Redator: Livia PalmieriEditor: Paula Aguiar
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