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19/02/21

Pazuello garante “produção plena” de vacinas em até 15 dias

Em reunião nesta sexta, 19, com Comissão de Prefeitos da FNP, ministro da Saúde garantiu também que vacinará 4,7 milhões de brasileiros a partir do dia 23

“Não vamos deixar ninguém desamparado, ninguém. Faltam 15 dias para que nossa produção fique plena. Produziremos a pleno e aí é vacina na veia todo dia.” A declaração foi dada pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, durante a primeira reunião virtual com a Comissão de governantes da Frente Nacional de Prefeitos (FNP). No dia 14 de janeiro, Pazuello havia se comprometido em conversar periodicamente com a entidade (a cada dez dias), mas o primeiro encontro só ocorreu nesta sexta-feira, 19.

Durante a reunião, que teve a participação do presidente da FNP, Jonas Donizette, do vice-presidente e prefeito de Aracaju/SE, Edvaldo Nogueira, e de mais oito prefeitos que compõem a Comissão, Pazuello afirmou ainda que vai distribuir 4,7 milhões de doses de imunizante até a próxima semana, 23 de fevereiro, adotando uma nova estratégia: serão vacinados 4,7 milhões de brasileiros, e não a metade como planejado anteriormente.

De acordo com o ministro, com o novo programa, na próxima semana serão distribuídas 4,7 milhões de doses. "Serão 4,7 milhões de brasileiros vacinados, e não a metade disso. Vamos alterar a estratégia pela produção que nós já temos. Bastante gente para uma semana”, afirmou Pazuello.

Até julho, o ministro também garantiu a chegada de 450 milhões de doses de vacina, o que, segundo ele, seria suficiente para vacinar boa parte da população. “Temos 450 milhões de doses já negociadas para o Brasil, podendo chegar até nosso efetivo vacinável suprido até julho. Importante deixar claro todas as possibilidades que estão na mesa, já contratadas ou fechando cronograma de entrega. Com isso, vamos a 450 milhões de doses para atender o país e ano que vem tem mais, dando prosseguimento à vacinação.”

Pazuello ressaltou, ainda, que a produção nacional é o que trará equilíbrio para a vacinação em massa dos brasileiros. “Os números que vêm de fora são pequenos, é preciso investir nas vacinas nacionais para dar conta da demanda. Nossa chance de dar equilíbrio para o ano que vem é investir em três produções nacionais: Butantan, União Química e Fiocruz.”

Para Jonas Donizette, é importante manter a união nesse momento para que a campanha seja, de fato, efetiva. “Precisamos trabalhar juntos e de perto para resolvermos os problemas que forem aparecendo. Nosso posicionamento é pelo diálogo.” O presidente da entidade aproveitou para cobrar outra demanda acertada em 14 de janeiro, que é um cronograma mais detalhado imunização contra a COVID-19, associando, mês a mês, a expectativa de entrega de vacinas nas cidades e quais grupos da população seriam imunizados a cada período. “Isso é muito importante porque são as prefeituras que fazem toda a logística, e não só a parte da saúde”, frisou.

Sobre isso, Pazuello comentou que “ainda estamos equilibrando a chegada das vacinas com a vacinação. 100% do que chega vai sendo distribuído, tudo o que chegou já foi repassado para os municípios. O cronograma de hoje depende da produção (de vacinas), estamos manobrando para que não haja falta.”

Conquista

Um dos pleitos da FNP era a vacinação urgente e imediata dos profissionais da educação. Em ofício enviado ao Ministério da Saúde, no dia 12 de fevereiro, a entidade se posicionou afirmando que “a vacinação trará mais segurança às aulas presenciais, mesmo que em sistema híbrido. A medida se torna necessária pois há grandes riscos de contaminação pelo novo coronavírus. Segundo relatório do Sistema Público de Saúde do Reino Unido, divulgado em janeiro deste ano, as escolas foram responsáveis por três vezes mais possíveis surtos de COVID-19 do que hospitais de outubro para cá.”

Questionado sobre isso pelos prefeitos da Comissão que participaram da reunião – Eduardo Paes, do Rio de Janeiro/RJ; Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto/SP; Rafael Greca, de Curitiba/PR; Sebastião Melo, de Porto Alegre/RS; Bruno Reis, de Salvador/BA; David Almeida, de Manaus/AM; Edmilson Rodrigues, de Belém/PA; e Emanuel Pinheiro, de Cuiabá/MT –, Pazuello deu um prazo até “meados de março” para uma resposta mais concreta sobre o pedido, mas adiantou que essa é uma data possível para vacinar esse público. “Vamos fazer uma adaptação no Plano Nacional de Imunização (PNI) para incluí-los o mais rápido possível. Até março é uma possibilidade.”

Sobre os leitos de UTI – COVID, outro assunto tratado na pauta, o ministro garantiu que o pagamento será feito, mesmo com alguns prefeitos afirmando que ainda não receberam o repasse prometido pelo governo federal para custeá-los. “Sobre os pagamentos das UTI de janeiro e fevereiro, não há liberação da LOA, nenhum centavo liberado para nós até agora, por isso ainda não pagamos. Mas podem considerar pago, nós vamos pagar.”

O prefeito de Manaus/AM, David Almeida, levantou a situação do município em relação à doença. “Tudo o que a prefeitura fez que vocês veem e viram pelos jornais não é nossa atribuição. Estamos buscando soluções para esse problema, Manaus ainda está numa situação muito difícil. O pior já passou, mas o perigo continua rondando a nossa cidade.”

A cidade amazonense enfrentou uma crise no sistema de saúde do fim do ano para cá, com falta de oxigênio e de leitos, o que aumentou o número de casos e de mortos pela doença. David sugeriu um consórcio internacional de compras de vacinas para amenizar a situação, enquanto os prefeitos Greca e Emanuel Pinheiro confirmaram a intenção de comprá-las “por fora”, sem prejudicar o caixa do governo federal.

A respeito disso, Pazuello disse que “se você (prefeito) pode comprar vacina, eu compro e distribuo, me passa que eu compro e distribuo. Precisamos agora salvar o Brasil. Se fizermos separação entre estados que têm condição dos outros que não têm, vamos criar crise interna muito grande de estados que seguem uma linha e outras que não seguem. O que tiver de demanda de vacinas me mandem que eu compro”, garantiu.

Jonas Donizette reforçou o pedido do ministro. “Concordo com o ministro: quem tem que comprar as vacinas é o ministério. Já assumimos tanta competência que não é nossa, se assumirmos mais isso a gente deixa de fazer bem-feito o que é de nossa responsabilidade.”

Demandas

Outra solicitação da reunião foi uma campanha mais efetiva para conscientizar a população. Rafael Greca, prefeito de Curitiba/PR, disse que “a velocidade da informação é inimiga da ética, é preciso clareza de informação para derrotar a falta de ética.” Ele sugeriu que o órgão federal fizesse coletivas com mais frequência e que informasse sobre números de vacinas disponíveis em todo o Brasil. Pazuello garantiu que seguirá esse procedimento e incentivou as prefeituras a continuarem “divulgando vídeos” sobre a importância da vacinação.

COVID-19

Nessa quinta-feira, 18, o Brasil ultrapassou a marca de dez milhões de casos confirmados do novo coronavírus. Nessa mesma data, o País registrava 243,4 mil mortos, permanecendo no ranking de países com mais óbitos pela doença.

No dia 20 de janeiro, Eduardo Pazuello havia anunciado que essa data seria o “Dia D, Hora H” em relação ao início da campanha de vacinação. De acordo com levantamento feito por um consórcio de veículos da imprensa com as secretarias de Saúde das unidades federativas, pouco mais de 5,6 milhões de pessoas tomaram a primeira dose da vacina contra a COVID-19 até o momento e menos de um milhão já tomou a segunda dose (números coletados até 18 de fevereiro). Isso representa apenas 2,65% da população imunizada de lá para cá.

Em nota divulgada no dia 16 de fevereiro, a FNP reiterou a importância de colocar o tema como prioridade do governo federal. No comunicado, a entidade afirmou que “não é momento para discutir e avançar com a pauta de costumes ou regramento sobre aquisição de armas e munições. Isso é um desrespeito com a história dos mais de 239 mil mortos e uma grave desconsideração com a população. Prefeitas e prefeitos reafirmam que a prioridade do país precisa ser, de forma inequívoca, a vacinação em massa.”

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Os assuntos tratados neste texto estão localizados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 - Saúde e Qualidade; 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes; 17 - Parcerias e Meios de Implementação. Saiba mais aqui.

 

Redator: Jalila ArabiEditor: Livia Palmieri
Última modificação em Segunda, 03 de Mai de 2021, 15:05